8em branco
                                        9 visões, formas e pessoas

01 Se Idéia já se consultou=aconselhou com o seu médico?
Não
É que ainda não localizou o especialista do qual está necessitando aqui em Goiânia= Rio Meia Ponte
E qual é a especialidade?
A filosofia clínica
E pesquisando na internet, Idéia viu o quanto seria bom se aqui em Goiânia existisse um filósofo clínico
E talvez exista e não sabe onde localiza-los
E já esteve na Faculdade de Filosofia mas não atenderam=entenderam Idéia adequadamente
E a este respeito ouça “Fazê o que?”
Ney Matogrosso
A Parede
Pedro Luis
E leia a seguir uma breve escrita sobre a filosofia clínica, da qual Idéia está precisando urgente
Filosofia Clínica
Filosofia Clínica é a filosofia acadêmica adaptada e direcionada à atividade clínica, realizada por filósofos formados em faculdades de Filosofia reconhecidas pelo MEC.
O filósofo clínico é o filósofo, graduado em uma faculdade reconhecida pelo MEC, que cursou (e, portanto, obteve o Certificado A ou o Certificado B) a especialização em Filosofia Clínica em algum dos centros autorizados.
A Carta Constituinte dá amparo ao trabalho exercido pelo filósofo clínico, dentro de critérios bem definidos. O Instituto Packter, após consultas ao MEC, aos cartórios e juntas comerciais pertinentes, além dos devidos aspectos contábeis (impostos, notas fiscais etc) enviou aos filósofos clínicos um parecer jurídico assinado pelos advogados Flávio Denardin Gonçalez (OAB/RS 19 454) e Tancredo Luiz Leal Dutra (OAB/RS 23 287), onde consta literalmente: "...cabe registrar a inexistência de qualquer dispositivo legal a impedir o funcionamento do curso de Especialização em Filosofia Clínica. Assim, é possível afirmar-se a respeito da inteira legalidade da pretensão do Instituto Consulente".
Os critérios que tornam legal a clínica filosófica são muitos: atuar com autores e escritos e procedimentos da Filosofia acadêmica, não receitar drogas alopáticas, não exercer procedimentos próprios da atividade médica e para a qual o filósofo não tem habilitação - como cirurgias -, ser graduado em Filosofia por uma Faculdade reconhecida pelo MEC, e os demais critérios que estudamos durante o curso de formação.
Os principais autores trabalhados na Filosofia Clínica são: Protágoras, Sócrates, Aristóteles, Schopenhauer, Locke, Hume, Nietzsche, Kant, Spinoza, Merleau-Ponty, Ricoeur, Gadamer, Kuhn, Gabriel Marcel, Levinas, Mounier, Bergson, Husserl, Wittgenstein e o pessoal do Círculo de Viena, Chomsky, Foucault, Lévi-Strauss, principalmente.
Maiores informações: www.filosofiaclinica.com.br
Packter, Lúcio
Filosofia clínica: propedêutica
Florianópolis: Garapuvu, 2001.



02 E ontem Idéia esteve andando por aí
E estava pesquisando preços=modelos de armários
O mais barato=bonito  custa R$ 286,00, com 6 prateleiras
R$250, com 3 prateleiras
Talvez compre o modelo que tem 6 prateleiras
Este é mais adequado à guarda da ladainha de Idéia Sem Armário
Especificação do armário
Material: aço
Altura: 175 cm
Largura: 75 cm
Profundidade: 30 cm
Marca: Nobel ( Fábrica sediada em Anápolis – Rio João Leite)
E na cidade=estado de Idéia, quando a pessoa nasce,  recebe 5 armários de presente=dote
E estes armários são, na verdade, o tempo=calendário
E são o espaço também
E é como receber, de graça,  5 planetas
Júpiter
Saturno
Urano
Netuno
Plutão
E de posse dos 5 planetas, Idéia agora tem onde guardar suas coisas=textos=objetos=deiscências
E  superfície dos planetas
E superfície se escreve superfície=tona
E se diz superfície igual tona
E falando nisso, Idéia já veio à tona?
Sim
E se encontrou com o spin hippie citado num dos  versículos do capítulo 7
Ele ( spin hippie): Idéia,  naquele momento eu estava, você sabe, morrendo de bêbado, e acho que disse coisas que você não gostou. Me desculpe.
Idéia ( sorrindo): Sim. Não gostei. Você fez aquele discurso como se estivesse falando para uma multidão, para a cidade inteira. Tudo bem. Compreendo. Ta perdoado.
Tipo desconectado da realidade
E nem adianta insistir no novo=velho jargão
Caia na real!!!!!!!!!
E como Idéia arrumou um parceiro de criação
Agora não precisa ficar por aí morrendo de escrever=olhar=ser
Pois que outros, também, construirão suas ladainhas=litanias
Quando adquirir os 5 armários, terá onde espalhar seus escritos
E escapa=suporte para armar sua rede=informação no espaço
E hoje Idéia não está a fim de escrever=falar
E lendo o capítulo 7 achou tudo tão estranho!
Não se reconheceu naquela coisa=ladainha fragmentada
Parece que,  às vezes, falta um parafuso na cabeça de Idéia
E parafuso se escreve parafuso=conexão
Sei lá, estas idéias desconexas=absurdas
Tudo bem
O que conforma Idéia no momento
È saber que a sua criação já não é mais solitária
Pois que outros artistas=professores
Como é o caso de Arthur Leandro, spin professor=humano
Estão construindo suas obras em ritmo de ladainha
Como é o caso de Arthur Leandro, a quem Idéia não conhece pessoalmente
Mas sabe tratar-se de um cara capacitado=desperto
E leia=ouça a seguir a ladainha de Arthur Leandro
E idéia fez uma interferência na litania de Arthur Leandro, spin pesquisador=artista=professor=humano
Mudando de assunto, o que Idéia está achando do momento político atual?
Idéia não está isento=oculto
Está acompanhando tudo
E no começo do atual governo Idéia, dormindo, teve dois sonhos
Num sonho, Gilberto Gil demitiu um tal de Paulo
E Idéia, mesmo sem saber de quem se tratava, ou seja, se existia algum Paulo na assessoria de Gil, avisou=comunicou o sonho
E aí o Gil, spin ministro=humano demitiu o tal Paulo
E no outro sonho, naquela época, Idéia sonhou que o Lula havia demitido  José Dirceu, spin ministro=humano
E Idéia comunicou esta visão=sonho aopresidente
E, pelo jeito,  não levou em conta tal sonho=visão=avisão
E o resultado está aí
Idéia não é contra o José Dirceu
Idéia não veio para julgar
Veio para curar
E a cura se faz mediante a manifestação da doença
E estes casos de corrupção=desmando precisam mesmo vir à tona, tal como o câncer que, para ser erradicado, tem que mostrar a cara
Tal como a doença que, para ser curada, tem que aparecer
É que uma das leis de Idéia diz que “a contradição se elimina com a contradição, ou seja, com a sua manifestação”
E que não se jogue nada para debaixo do tapete
Que abram os armários de Idéia Sem Coração
Os nosso jovens estão emigrando=imigrando!!!!!!!!
Ainda há uma saída
E a saída é aproveitar a podridão para eliminar o câncer
E o câncer é a nossa elite=superestrutura podre=corrupta=poderosa
E é impossível ser ético=honesto tendo, como companhia, este bando de ladrões
Todos fora!!!!!!!
Já!!!!!!!!!!!!!

03 Leia, a seguir,  Arthur Leandro
Acabo de chegar em casa, È madrugada, e quando 1 da manha fechou o bar dos latinos (e essa identificaÁao nao inclui franceses) – onde encontrei um monte de militares ileiros  (inclusive um residente na Coaracy Nunes) que trabalham na legiao estrangeira, e de falar em portugues ate dar caimbra no queixo – tentei entrar em 3 danceterias, fui barrado do baile das 3. E depois de voltar de Montpellier, comentei o fato com Jean-Marc e Emilie, que me disseram que ha duas possibilidades de motivos para ser interditado na tentativa de adentrar nesses lugares: 1) porque estava sozinho; 2) racismo. Tambem fui impedido de entrar num vernissage numa instituiÁao cultural em Vilanova, fui o ultimo da fila e os franceses entrararam e foi fechada a porta para mim, nessa nem perguntei os motivos, eu ja sei, mas entrei.
Hoje fui a Montpellier com Emilie, saindo da estaÁao fomos ao metrÙ de superficie e a maquina que emite tickets travou, decidimos entrar no trem assim mesmo e com a grana da passagem na mao para que, caso chegasse um "controlador", ela ficaria calada e eu falaria em portugues para explicar a situaÁao – e deu tudo certo, viajamos sem pagar, com a grana na mao, por um caminho que nao È muito longo. A escola È bem maior e mais equipada que a de Avignon, mas nao encontrei nenhum dos estudantes portugueses dos quais me falou o Cristiano, mas um monte de outros interessados em discutir…, debater…, trocar ideias… Me avisaram que na quinta e sexta haveria a festa de colaÁao de grau da turma deste ano, e disseram, lembrando das festas cariocas, da configuraÁao de produtos sulamericanos que seriam servidos… e achei melhor passar o fim de semana em Avignon – puro instinto de sobrevivencia que certamente contradizia minha expressao de "mamae eu quero", mas falei logo que eu sou regido pela palavra muito (bocubocubocubocu) e que o preÁo em euro È impraticavel –, volto noutros hoje para fazermos alguma outra coisa juntos.
O inicio da conversa com o grupo foi dificil, como quase todas, e num determinado momento eu disse que " o esperanto È o ultimo que morre!" , ai Vincent me entregou seis folhas impressas com a gramatica do esperanto em frances. ComeÁa dizendo "le monde au bout de la langue. L’Esperanto, c’est comme un jeu de Lego", propos que aprendessemos juntos, gostei, jogar lego, lÈgua, Leguabogi!… Ai ele me perguntou sobre minha proposta de trabalho para Avignon, e eu tinha uma copia impressa do ritual de passagem em frances, dei pr’ele ler com os outros e fui tentando explicar como pensava e aussi sobre minha situaÁao: que estava sozinho aqui, mas que trabalho em grupo, e como fazemos para tentar que seja trabalho coletivo a distancia junto com as questoes de solidariedade, inclusao, vivencia e outras coisas de dificil compreensao e facil digestao que estao escritas no projeto. Nem precisamos do esperanto para nos entendermos e acho que eles sacaram a parceria entre a mistura de tudo e a metralhadora giratoria.
Depois do almoÁo com Emilie e Pierre, eu e Vincent saimos pelas ruas da cidade. Ai comentamos dos projetos pensados pelos estudantes para o transito de feitos: da festa provocativa proposta pela outra Emilie que tambÈm È mlle d’Avignon – a aluna, e do trabalho de guia de museu do Boris. A proposta de Emilie ainda nao tenho uma versao escrita, mas ja tinha falado a eles que ela propoe um cortejo alegorico parodiando um trenzinho para turistas que circula na cidade com umas gravaÁoes em audio trilingue contando a historia da cidade, que na minha opiniao È uma coisa ridicula… e como os outros estudantes estavam contribuindo com elementos que consideravam importantes e acescentando tudo na proposta da Emilie. Praticamente o processo de construÁao de uma Portela em Maracatu da Favela. E sobre o do Boris ele comentou: È o teu jogo politico. Respondi que È solidario e por isso È nosso, jogamos juntos. Acho que estou ficando obvio!
Eu estava presente na sala da secretaria e vi quando Boris foi pedir o trabalho de ferias de guia de museu, estava sendo ofertado para estudantes do nivel de estudos dele, e vi quando minha bab‡ Emilie lhe negou sumariamente a intenÁao de trabalho argumentando que ele nao fala perfeitamente o frances e nao teria como se fazer compreender para os visitantes do Museu. IdéiaPorra, nem eu… nao falo nem imperfeitamente e a escola me deu trabalho onde sinto a necessidade de fazerem compreender minha exposiÁao de ideias, e isso È bem diferente de gravar um texto curatorial para guiar visitantes de exposiÁao – igualzinho aIdéia gravaÁao do trenzinho ridiculo –, que È para divertir turistas.
Mas turistas espanhois nao visitam exposiÁoes? Entao as instituiÁoes (de arte) francesas sao realmente apenas para franceses! E se eu for num museu, nao È importante alguem que fale espanhol para que eu entenda lo que se pasa? Para mim realmente nao È importante um guia que habla en espanol, eu conheÁo o esoterismo da arte, mas para a situaÁao ha duas possibilidades e uma delas È que ele È sulamericano e tipo fisico de indio num pais racista – nao existe isso nos museus. Emilie me hospedou na sua casa quando eu cheguei aqui e nao acredito que ela seja racista, mas a vi reproduzindo inconscientemente o discurso discriminatorio como um discurso institucuional, algo que aos meus ouvidos soa como: "eu trabalho numa instituiÁao, o salario dessa instituiÁao me garante o conforto de uma vida pos-moderna e vou defender cegamente os interesses dessa instituiÁao independente de estar reproduzindo – ainda que sem saber – um discurso que eu contesto". E se È uma questao de escolha, eu, eu mesmo, prefiro continuar a ser utopico do que me tornar uma engrenagem incosnciente do sistema.
Apesar de todas essas questoes se manifestarem em mim imediatamente, eu nao tenho vocabulario frances pra discutir nesse nivel de ideias com quem quer que seja. Discuti a situaÁao em portunol com o Boris, no bar dos amerindios, e disse que se nos nao temos vocabulario para mostrar "no campo politico" que o ato È de discriminaÁao, as escolas sulamericanas nos ensinaram a linguagem de arte que eles querem universal, e se eles entendem a linguagem de arte podemos atuar mexendo com a simbologia do ato como jogo artistico, jogando com a instituiÁao, ou contra o discuso discriminatorio da instituiÁao, como arteg¸era. Isso È politiq¸era! Utopia?! Se o artista modifica a matÈria, e temos referencial da historia da arte moderna para dizer que os artistas modificaram o gosto, a estÈtica, podemos argumentar que nossa matÈria È nossa situaÁao politica, e vamos mudar a cultura!
Quando apresentei o ritual de passagem o emprego dele foi como projeto conjunto, e foi apresentado ‡ escola como uma proposta de performance de estudante da propria escola integrado ao projeto geral, argumentando que o projeto que eu apresentei È de compreensao imperfeita e que a proposta dele estende para fora dos muros escolares a mesma experiencia. Acredito que nosso jogo devolveu o desolÈee, e esta instituiÁao agora esta na mesma situaÁao que impos economicamente para a UFRJ, esta sem o direito de escolha. O criterio para negar emprego ao Boris nao foi usado comigo e me dao emprego, o mesmo critÈrio ora serve para incluir e ora serve para excluir, e do que depende essa flutuaÁao? Mas no novo contexto se lhe negam o emprego desaprovam o projeto que estao usando verba estatal para financiar, e negam o intercambio proposto pela celebridade do "artista brasiliam invitÈ". Je suis un traidor!?
Deixamos tudo em sinuca de bico! … xeque perigoso! Claro que È jogo politico … ObanisË kawÚ, kaabiesilË! Lemambuko T‡ta ku kukise! Nganga Nzumba! Nganga ku Nzaze! E se a escola lhe negar emprego novamente, se tornara uma escola de arte que censura a arte que financia, porque reconhece o projeto (Clarissa disse – mas nao falou – que se a instituiÁao reconhece, È arte e eu nao preciso explicar) e se nao executa por causa de seus criterios institucionais discriminatorios eu nao terei mais nada o que fazer nessa escola e vou gastar o que me pagam, com dinheiro do Estado frances, para me divertir com meus amigos como turista.
Isso È utopia ou solidariedade? O que È o coletivo? Hoje achei um coletivo (de artistas?): residentes da Villa Medici, conhecem? Relato esta nove experiencia ja ja. Mas vou mandar primeiro este e depois conto disso.
No almoÁo de hoje num restaurante perto da Escola de Avignon, eu falei para a Emilie e para um grupo de professores daqui sobre a minha teoria sobre o desolÈe, e disse do quanto je ne ame pa o desolÈee, e que je t’aime e je ame a utopia, e que isso È phoda (ou bizarrrsss) porque nao È condicional… Me apelidaram de desolÈee… agora todos passam por mim e representam em parodia teatral a minha s‡tira ao desolÈee, e a parÚdia da s‡tira do desolÈee È divertidissima. … possivel que estejamos descobrindo potencias comunicativas pela veia humoristica, e eu morro de rir. Melhor foi que esta foi a ultima palavra dita pelo garÁom, acho que havia terminado alguma coisa que foi pedida pelos demais, e a garagalhada conjunta foi muito boa.
Acabaram os cigarros brasileiros, mas ja tenho noticias de envio de outras remessas, please, mandem de novo… sou terno e grato a todos.
Bejim
Arthur


Grato,
José Carlos Lima
O que é isto? Uma ladainha, A História de Idéia nos meses de Júpiter (07/01 a 20/03), Saturno (21/03 a 01/06), Urano (02/06 a 13/08), Netuno (14/08 a 25/10) e Plutão (26/10 a 06/01, de onde surgiu. Cada mês é composto por 73 dias (74 em Júpiter em ano bissexto), dos quais 70 são dias vivos=diferente e, os demais, mortos=iguais. Feedback=receptor de Idéia: o Poder Curador, na pessoa do filósofo clínico. Ao final de 70 capítulos, será aproveitado, para exposição pública, aquilo ue seja deiscência, que aqui aqui chamam de arte. Para parar de acompanhar esta infinita ladainha, bem como para acompanhar mas através de outro e-mail, manifeste-se
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INRI: Instruções da Nova Realidade de Idéia
Spin: Sistema Poético Informativo Nato
Sinais ortográficos de Idéia: =(igualdade) e #(diferença)
Definição de Deus: Deus=Tupã#Alá#Jesus=Deus=Shiva#Horus#Ossanhã
Nome de Idéia: ideiasemarmário. Pronuncia-se Idéias em Armário ou Idéia Sem Armário. Tanto faz!